Nos últimos tempos, a responsabilidade social corporativa é um dos temas que vem atraindo a atenção da sociedade e se tornou um assunto recorrente no âmbito das organizações, onde as mesmas se propõem a assumir uma postura de responsabilidade social em relação às injustiças sociais e à degradação da natureza. Dentro desta postura de responsabilidade social, as organizações vêm empreendendo acções sociais que vão desde a tradicional filantropia até às parcerias com o terceiro sector, e incluem programas de voluntariado empresarial e de protecção ao meio-ambiente, além da instituição de códigos de ética que visam regulamentar a conduta dos seus membros. Uma das modalidades de acção social que vem sendo incentivada, cada vez mais, no âmbito da responsabilidade social corporativa é o voluntariado empresarial. O homem distingue-se e tornar-se efectivamente humano pela produção de sua própria existência, portanto, o trabalho corporativo e o envolvimento em acções sociais leva-o a uma dupla transformação de si e do mundo, e engendra o homem como ser de necessidades e imaginação, capaz de construir a sua sociabilidade e as suas condições de existência. Ele é responsável pelo que se passa à sua volta e tem a obrigação de desenvolver mecanismos de protecção e conservação do meio que habita. O processo de recomposição do meio entre o homem e a natureza deve passar pela compreensão de que as questões ambientais não se originam exclusivamente das relações entre o homem e a natureza, mas sim na introdução de um novo sistema produtivo que inclua a transformação da estrutura social, de forma integral, sendo condição básica para a solução dos problemas ambientais. Recentemente, comemorou-se o Dia Mundial do Ambiente (05 de Junho), o Dia Mundial para Conservação do Ecossistema dos Mangais (26 de Julho) e o Dia Mundial para a Conservação da Natureza (28 de Julho), datas que nos levam a reflectir sobre qual tem sido a acção do homem e o impacto que vem causando ao[ meio ambiente, com a sua evolução e necessidade de subsistência neste planeta que se chama terra. Em Angola, entidades governamentais e privadas são chamadas a intervir nesta área, com alguma urgência, para evitar-se catástrofes ambientais e, na pessoa do Sr. Vice-Presidente da República, todos são convidados a se juntar a um grupo de jovens voluntários do Projecto OTCHIVA, que vem fazendo a restauração, conservação e preservação dos mangais ao longo da sua orla marítima.
O OTCHIVA- Projecto de protecção dos mangais, é uma associação, que surgiu aproximadamente há 3 anos, com o objectivo de restaurar, preservar, e promover a conservação e o uso sustentável dos mangais, bem como, o bem-estar dos seres vivos que dependem dele. Os manguezais armazenam 5 vezes mais carbono que as florestas terrestres e são encontrados nas costas das regiões mais quentes do mundo, onde sustentam alguns dos ecossistemas mais produtivos do mundo. É um ecossistema costeiro de transição entre o ambiente terrestre e marinho que possui adaptações específicas para responder às condições extremas de salinidade, ventos e ciclo de marés para as quais se encontram continuamente expostos. Eles são considerados berçários para peixes, crustáceos e muitas espécies ameaçadas, actuam contra fenómenos naturais como ciclones, erosão costeira, cheias, aumento do nível do mar e calemas, minimizando esses impactos, dando estabilidade e protecção às zonas costeiras, além de fornecer recursos madeireiros importantes para a vida das comunidades, e serve de base para produção de alguns medicamentos. Especialistas estimam que 55% dos mangues/ manguezais já foram perdidos, a nível global, nos últimos 40 anos. O trabalho destes jovens, além de tudo o que já foi dito acima, foca-se também na sensibilização e consciencialização da população local a respeito da importância de preservação e do manejo e uso sustentável dos mangues/manguezais. Apesar da sua importância, o valor das florestas de mangais ainda é pouco conhecido, colocando-os sob grande vulnerabilidade não só pelo impacto das mudanças climáticas, mas pelo grande desenvolvimento económico costeiro global. Durante este período, que se vive com a pandemia do COVID-19, e a necessidade do cumprimento das medidas de segurança impostas pela OMS, algumas actividades foram suspensas por tempo indeterminado, mas há todo um processo de análise, monitorização e estudos que tem-se levado a cabo, por um número reduzido de voluntários, liderados pela líder do projecto, Engª. Fernanda Renné, de 28 anos de idade, que recentemente, recebeu o Certificado de Reconhecimento da União Africana pelo trabalho na protecção dos mangais e foi nomeada pela UNEP (United Nations Enviroment Programme), como finalista Regional do Prémio das Nações Unidas para Jovens Ambientalistas em todo o mundo, no concurso “Young Champions of the Earth“. Além de todo um trabalho interventivo que vem fazendo nas zonas dos mangais, e tendo identificado famílias mais desfavorecidas, numa altura de confinamento e que as regras de segurança devem ser acauteladas para a não proliferação do vírus, a jovem empreendedora e visionária, não cruzou os braços e vem produzindo sabão através da reciclagem de óleo usado, e distribuindo com o apoio de vários parceiros e voluntários, as comunidades mais carenciadas e, desta forma, dando a sua contribuição no combate ao Covid-19. Todo um trabalho que é inclusivo e que qualquer comunidade pode aderir, na qual muitas organizações poderão abraçar e fazerem a diferença na sua comunidade e no mundo, que vem demonstrando que necessita, da nossa intervenção, urgentemente. Preservar o meio ambiente é um acto importante não só para a humanidade, mas para todos os seres que habitam a Terra. Afinal, é nela que estão os recursos naturais necessários para a nossa sobrevivência e evolução.