PARTE I
A expressão “RH ÁGIL”, cada vez mais usada na comunicação social, artigos, blogs e páginas da especialidade, adquiriu durante a pandemia um enorme relevo, colocando a tónica na flexibilização de processos, digitalização, adaptação à mudança, mas especialmente tornando o RH do futuro numa área completamente vocacionada para o desenvolvimento de talento, pessoas, capazes de liderar uma transformação organizacional.
Mas o que significa, exactamente, o “RH ÁGIL”?
Poderíamos dizer que a expressão Recursos Humanos é um termo muito típico dos modelos de Gestão 1.0. No modelo de Gestão 2.0, começamos a assistir a uma mudança de paradigma quando as empresas começaram a valorizar o ser humano como seu activo mais valioso, começando até a adoptar novas denominações para esta área como “Capital Humano”, “Valor Humano” ou “Talent People”.
A área de Recursos Humanos passa a ser a área responsável por todos os aspectos relacionados com as pessoas, e incluem, não apenas o processamento salarial, procedimentos burocráticos e jurídicos, como também os processos de recrutamento e seleção; Avaliação de Desempenho; Benefícios e Compensações; Planos de Carreira e Sucessão; Design Organizacional; Desenvolvimento de competências técnicas e sociais; e ações com vista à melhoria da motivação e implementação de uma forte cultura organizacional.
O RH ÁGIL em especial, significa a morte do tradicional RH, o que dá suporte às folhas de salários, marcações de férias, faltas, processos disciplinares e outros afins; para apontar as suas baterias para os processos de desenvolvimento organizacional que ajudam a organização a catapultar o talento para outro nível, conferindo em simultâneo estruturas hierárquicas de grande autonomia e flexibilidade.
Se todas as organizações estão preparadas para este salto? Infelizmente, não.
Talvez devamos começar por conceber esta nova forma de modelo de Capital Humano como um caminho para a natural evolução dos processos tradicionais, de forma a conferir- lhes grande adaptabilidade para que possam responder a grande parte dos desafios e mudanças que os dias de hoje nos impõem.
E, neste ponto, existem duas abordagens muito distintas, que precisam ser levadas em consideração ao falar sobre o RH Ágil:
· Agile 4 HR
Essa é a ideia de trazer agilidade ao RH, do ponto de vista do RH enquanto organização. Aqui falamos sobre a aplicação de práticas e mentalidades ágeis no dia a dia do RH. Estruturação de RH em fluxos de valor, com equipes pequenas e multifuncionais, com foco no cliente e cultura de inovação.
· HR 4 Agile
Esta é a ideia de RH como agente de mudança, no que diz respeito à função de RH da empresa. É o RH que contribuiu para inspirar a organização, contratar grandes profissionais, energizar
desenvolver pessoas, além de tornar a empresa admirável no mercado de trabalho (Employer Branding).
Poderia dizer que a maioria das empresas que começa uma transformação ágil vê o seu RH no primeiro grupo. O RH que usa a mentalidade ágil passa a ser um exemplo para o restante da organização.
O RH Ágil é aquele que abraça as iniciativas da organização e pode executar todos os processos de RH de forma adaptável, proporcionando respostas rápidas a qualquer situação, e fazendo ajustes aos processos de forma autónoma e imediata, para chegar a resultados de valor.
Na realidade se o RH não assumir esta autonomia e flexibilidade, enquanto guardião da cultura e valores organizacionais e repercursor da mudança, o maior preço a pagar não será o não se ter tornado ágil; mas sim ser um obstáculo no dia a dia dos negócios, tornando-se numa área demasiado dispendiosa e até irrelevante para as decisões da organização.
O maior obstáculo para a transformação ágil nas organizações são exatamente os processos de RH. Por mais ágeis que sejam as equipas e os profissionais criativos, sempre haverá um momento em que eles se depararão com algum processo burocrático por parte do RH, e aí teremos uma colisão de valores e mindset.
O RH pode, e deve, estar à frente de uma transformação ágil.
Por: Lúcia Palma
CEO, Mund Up Agile