Após anos e anos, em que ouvimos dizer que ter uma especialização era a garantia de emprego no futuro; que o fato de sermos experts em alguma área nos traria mais benefícios; durante os últimos três anos, este paradigma teve uma mudança substancial.

Fruto dos desafios vividos no passado recente, e a forma como os diferentes profissionais de mercado, em todas as áreas, foram testados a adaptar-se de forma ágil às novas circunstâncias de trabalho; ficou claro que ser um profissional generalista, ainda que com conhecimento mais ou menos aprofundado de uma ou outra área, era uma mais valia.

Falamos dos chamados “profissionais T”: profissionais tendencialmente generalista, com capacidade de adequação a diferentes desafios, e que durante a pandemia sobreviveram no mercado de trabalho com grande flexibilidade.

Ser um profissional T é também ter um conjunto de multipotencialidades, ou seja, ter valências diversas em áreas complementares ou até distintas, conseguindo por estes talentos ao seu serviço em resposta aos desafios que lhe são apresentados.

Esta nova corrente de gestão de carreira vem dar resposta às dúvidas existenciais que muitos profissionais têm sobre os setores ou áreas nas quais se devem especializar; ou vêm, de certa forma, auxiliar aqueles que nunca conseguiram decidir-se por uma só área, considerando os seus múltiplos talentos.

Chegou a hora destes profissionais mostrarem ao mercado as suas mais valias, em especial os seus soft skills de versatilidade, adaptabilidade e autonomia; uma vez, que geralmente os profissionais generalistas dominam os processos de A a Z, necessitando de poucas directivas. O que na era do trabalho remoto e híbrido é um plus.

Os profissionais T (ou generalistas), ganham agora terreno aos profissionais especialistas, para os quais ainda existe uma tendência de procura de mercado que começa a inverter-se, também pela sua grande capacidade de aprendizagem, e habilidade em se relacionarem com diferentes pessoas em contextos diversos.

Relembremos que a carreira não é uma linha reta, com etapas previsíveis, e que alguém com múltiplos talentos, não têm forçosamente de apagar esses interesses ou talentos, para seguir um caminho único rumo a uma especialização, que não o fará 100% feliz ou realizado no plano laboral.

Estes profissionais devem sim, encontrar o seu espaço no mercado de trabalho, não abrindo mão da sua identidade, skills, mais valias, e acima de tudo, valores e personalidade.

Lúcia Palma

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