Como ser fluente em diferentes linguagens geracionais no trabalho?

É inegável que a diversidade é um tópico relevante no cenário corporativo moderno. Cada vez mais as lideranças estão a ser chamadas a reflectir de forma sensível questões relacionadas com a diversidade, a equidade e a inclusão. No entanto, a maior parte dos programas de inclusão desenhados concentram-se principalmente em questões como a diversidade racial ou de género, negligenciando frequentemente a diversidade geracional.

A diversidade geracional diz respeito a ter uma ampla gama de gerações no capital humano corporativo. Pela primeira vez, temos cinco gerações na nossa força de trabalho: Gen Z (1997- 2012), Millennials (1981-1986), Gen X (1965-1980), Boomers (1946-1964) e Tradicionalistas (1928-1945). Cada uma destas gerações desenvolveu-se num contexto radicalmente diferente (e digitalmente díspar) e a forma como percepcionam o ecossistema envolvente é amplamente distinta, o que leva a inevitavelmente a conflitos comunicacionais. As gerações seniores tendem a preferir uma comunicação face-to-face e ficam frustradas quando as tentativas de comunicação são ignoradas ou mal interpretadas devido ao uso excessivo da tecnologia. As gerações mais jovens  preferem a tecnologia para comunicar, o que pode ser difícil de entender para as gerações anteriores.

As organizações podem certamente incorporar valor através da coexistência de profissionais com diferentes backgrounds, mas a falta de conhecimento sobre as várias gerações no capital humano pode ser fatal para a coesão grupal e para uma comunicação percebida como inclusiva. Para liderar com sucesso um organismo corporativo multigeracional, as lideranças devem esforçar-se por compreender as preferências do seu público-alvo, usar adequadamente vários canais comunicacionais e unir os colaboradores através da criação de mensagens inclusivas. Para fortalecer o ambiente colaborativo, a conexão pessoal e maximizar a produtividade, é essencial preencher a lacuna entre todos.

Os Baby Boomers cresceram durante a época dos telefones fixos, enquanto os Millennials tiveram o seu próprio telemóvel na adolescência. Os Baby Boomers preferem conversas presenciais, enquanto a Geração X prefere falar ao telefone, por e-mail ou por mensagem. Deve ser disponibilizado aos colaboradores a opção de usar video conferência, chamadas em conferência padrão e ferramentas de colaboração como Google Hangouts ou Slack. Sendo essencial disponibilizar vários canais, é igualmente importante definir quando é apropriado o uso dos mesmos. As conversas de desenvolvimento devem ser sempre cara a cara, seja pessoalmente ou por vídeo e devemos evitar agendar reuniões para actualizações simples que podem ser abordadas por e-mail.

O design do local de trabalho desempenha também um papel importante na sustentabilidade da comunicação entre gerações. Um local de trabalho desactualizado, onde os colaboradores estão em cubículos com barreiras físicas provavelmente não promove uma comunicação casual que impulsione o fortalecimento dos relacionamentos profissionais. No entanto, um design totalmente aberto pode distrair os colaboradores que preferem ambientes mais tradicionais (ou introvertidos que precisam de silêncio para serem produtivos). Certificarmo-nos que o escritório tem a combinação certa de diferentes ambientes, incluindo grandes salas de reunião, áreas projectadas para colaboração e áreas silenciosas é a melhor forma para garantirmos a um local de trabalho inclusivo.

Outro desafio para as lideranças é a comunicação clara acerca das expectativas de etiqueta no local de trabalho. Quando os Baby Boomers entraram no mercado de trabalho os fatos e gravatas eram usados ​​todos os dias e os computadores não existiam. Hoje é generalizado o uso dos smartphones que nos permitem comunicar de practicamente qualquer lugar. Enquanto que para a geração Millennial é natural ter o seu smartphone na secretária e responder às suas várias notificações, para as gerações anteriores isto pode ser considerado desrespeitoso. A definição do estar corporativo é vista de forma drasticamente diferente de uma geração para a outra geração. Se todos souberem o que se espera deles, haverá menos espaço para divergências e acusações e mais espaço para a colaboração e produtividade.

Independentemente da escolaridade ou do nível académico, há sempre mais que podemos aprender. A geração do Millennial e a geração Z podem aprender com a geração X e com os Baby Boomers. Estes últimos também podem aprender com as gerações mais jovens (e não apenas sobre tecnologia). É essencial reconhecer e abraçar as diferenças geracionais e usá-las como ferramentas de aprendizagem e crescimento no interior da equipa. As gerações mais jovens têm conhecimentos e percepções que os colaboradores mais experientes muitas das vezes não têm. Criar uma cultura de gestão mais flexível (top-down e bottom-up) permite que se ampliem competências, que se incentive a interacção entre os departamentos e que se espalhe a mensagem de que as percepções de todos são valorizadas e relevantes para o crescimento organizacional. O desenvolvimento de líderes para serem capazes de gerir profissionais de diferentes gerações é a receita apropriada. Os líderes de hoje necessitam ser habilidosos a entender as preferências individuais: comunicação, sucesso, reconhecimento, incentivos, aprendizagem, desenvolvimento e feedback.

Gerir eficazmente uma equipa multigeracional significa acomodar as necessidades dos colaboradores e ter em consideração as suas variadas preferências de comunicação. Isto não significa entregar o estilo preferido de cada pessoa, mas envolve reconhecer as diferenças entre as faixas etárias e desenvolver soluções holísticas que permitam a gestão comunicacional simultaneamente a um nível macro e micro. Ao identificar as tendências entre as gerações e procurar equilibrar vários estilos de comunicação que se adaptem a todos, teremos equipas mais coesas e produtivas, com maior diversidade, uma moral mais sólida e uma maior vontade de cooperar.

Cláudio Osório,

Co-founder e Head of Experience Design da OKU HUMAN®

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