Na época em que trabalhei no sector bancário, conheci um homem na casa dos 45 e tal anos que vou atribuir o nome de A, para os meus olhos impressionáveis, representava a essência da resiliência, realista e enfrentava as situações, não perdia tempo com a autocomiseração e sempre optimista em relação ao futuro. Mas as pessoas que o conheciam melhor do que eu, viam-no não só como um grande empreendedor, mas também como um sobrevivente por excelência, alguém que tinha persistido num ambiente hostil ao crescimento pessoal. Aos seis anos foi afastado da família e obrigado a combater na guerra civil, sobreviveu aos intensos horrores da guerra e após o término descobriu que metade da sua família tinha desaparecido e a outra metade andava na miséria e tudo o que ele conhecia era sobre tácticas de combate.
Por que motivo há algumas pessoas que experienciam dificuldades consideráveis e não vacilam?
Actualmente, a resiliência é um tema quente no mundo do desenvolvimento pessoal e dos negócios.
No livro “O homem em busca de um sentido”, Viktor E. Frankl descreveu o momento crucial, no campo de concentração, em que desenvolveu a terapia do sentido. “Um dia estava a caminhar para o trabalho, preocupando-se se deveria trocar o seu último cigarro por um prato de sopa“. Perguntava-se como iria trabalhar com um novo capataz que sabia ser particularmente sádico. De repente ficou enojado com a percepção de quão trivial e sem sentido se tornara a sua vida. Percebeu que, para sobreviver, tinha de encontrar um propósito. Frankl fê-lo, ao imaginar-se a dar uma palestra, após a guerra, sobre a psicologia do campo de concentração, para ajudar outras pessoas a compreenderem o que ele tinha vivido. Embora não tivesse sequer certeza de que iria sobreviver, Frankl criou algumas metas para si próprio. Ao fazê-lo, conseguiu erguer-se acima dos sofrimentos do momento. Tal como expôs no seu livro, << Jamais devemos esquecer que podemos encontrar um sentido na vida mesmo quando confrontados com uma situação sem esperança, em que enfrentamos um destino que não pode ser mudado>>.
A teoria de Frankl serve de base para a maior parte do treino de resiliência hoje em dia. A resiliência pode ajudar-nos a sobreviver e a recuperar mesmo das experiências mais brutais.
Para aplicar a resiliência deixo aqui as seguintes práticas, retirados do livro.
1- Enfrente a realidade.
Adopte uma visão sóbria e terra a terra da realidade da sua situação em vez de sucumbir à negação. Desta forma preparar-se-á para agir de maneiras que lhe permitirão perseverar, treinando-se para sobreviver ante da ocorrência.
2- Procure um sentido.
Elabore teorias relacionadas ao seu sofrimento e resista aos impulsos de se ver como uma vítima e gritar << porquê eu? >>. Esta pequena atitude fará com que suporte as dificuldades do presente com mais optimismo.
3- Improvise continuamente.
Aproveite o máximo o que tem, usando os recursos disponíveis de forma criativa e imaginando possibilidades que os outros não veem.
Os indivíduos e as empresas resilientes enfrentam a realidade com firmeza, tiram significado das dificuldades em vez de gritar desesperadamente, e improvisam soluções a partir do nada. Os outros não. O livro de Frankl lido por mais de 12 milhões de pessoas, foi considerado um dos dez livros mais influentes de sempre, transmite uma mensagem que perdura: só a procura de um sentido nos pode libertar do sofrimento.