No mundo das Artes fala-se muito no papel Artista, do Produtor, do Curador, do Galerista, do Espectador e até mesmo do Coleccionador. Estas relações e os códigos inerentes estão relativamente bem documentadas, nem sempre de forma muito clara ou compreensível ao comum dos mortais, e são pouco discutidas. Em Angola falta uma Associação, uma Instituição, livros ou mesmo mais diálogo que promova mais conhecimento e união para que as ´boas práticas´ sejam mais codificadas e mais implementadas – para que o próprio sector funcione melhor.

E, referindo-me não ao sector como um todo, mas voltando ao Artista, há sobretudo um fenómeno importado do mundo da gestão e de RH que, quanto a mim, é necessário cada vez mais, e que em Angola falta bastante – uma ligação que encontra o seu espaço cada vez mais necessário e forte no mundo das Artes: o Coach ou líder. Na minha galeria eu sinto-me um “coach” para a Arte que ali se faz, e para os Artistas que ali trabalham. No tema Artista, acredito que coaching é um processo que visa aumentar o nível de resultados positivos, por meio do uso de técnicas e ferramentas por um profissional habilitado (o coach), em parceria com o cliente (o coachee) – neste caso o Artista.

Comecei a ser um coach sem sabê-lo, porque é algo que julgo ser inato – mas tenho vindo a aprofundar este papel nos últimos anos. E hoje em dia, dou por mim a ajudar o Artista não só a desenvolver a sua narrativa, a sua arte visual, mas também na gestão da sua carreira, da sua essência como pessoa e no processo familiar. E depois este meu papel ganha outra dimensão porque ao ser coach dos Artistas que pelo meu espaço passam, vejo-me também um coach dos Espectadores que por lá passam e que, ao contrário de tantos outros espaços, não vão só para ver e ser vistos ou para comer o croquete – mas porque gostam e aprendem cada vez mais a gostar de Arte. Como tal, preocupo-me em tentar educar o (novo) público Angolano sobre a importância da Arte como elemento agregador de valor e identidade a toda uma sociedade. É fácil? Nem por isso. Serão precisos muitos anos ainda até que o Angolano tenha plena consciência daquilo que o identifica, e suficiente autoconhecimento e autoestima para o fazer desenvolver e chegar ao seu ponto mais alto – e aquilo que eu julgo ser o seu verdadeiro potencial.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *