Os sistemas que existem no mundo de RH e no mundo das Artes podem parecer muito diferentes, mas na verdade há códigos e desenvolvimentos em RH que poderão ajudar as Artes e os Artistas a desenvolverem-se cada vez mais e melhor. O RH não é apenas o sector de uma organização que admite, paga e demite – esta profissão vai muito para além disso. As tarefas que o RH realiza têm grandes influências sobre os resultados da organização – um sector bem engajado consegue reter bons profissionais e criar equipas de alto desempenho, preparadas para inúmeros desafios. Da mesma forma um Artista ou atelier de Artistas, se for bem organizado poderá levar a sua Arte, a Arte de uma comunidade e até mesmo a de um País, como Angola, para outros níveis, quer a nível nacional ou mesmo internacional. A isso chama-se identidade.

Como narra o Mestre Kapela através da sua Arte, todos nós somos donos de uma riqueza inimaginável dentro de nós – a tal luz, ou divindade que ele pinta com alegorias do divino coração. Para viver esse potencial, no entanto, precisamos permitir-nos passar por um intenso processo de auto-descobrimento e despertar a tal chama interior. Pessoalmente, também acredito em formação. Nada contra os Artistas auto-didactas, mas estes também devem pesquisar e investigar. E, quando se tornam mais conhecedores, inteligentes, mais valiosos e mais qualificados, através da formação também agregam mais valor ao seu trabalho e, automaticamente, à sua vida e à vida das pessoas à sua volta. É o tal crescimento em mais sentidos do que os mais óbvios.

Para isso, profissional e pessoalmente, precisamos romper os padrões mentais menos positivos que nos acompanham desde pequenos, e durante a nossa passagem por esta vida. Em Angola, por exemplo, faz-se pouca crítica construtiva nas Artes. Aliás, tipicamente fala-se uma coisa pela frente e outra por trás, e confunde-se muito o pessoal com o profissional, e por isso acontecem muito os famosos “bifes”. Porquê? Porque é mais fácil insultarmos ou deixarmos de falar com alguém do que aprender a conviver com essa sua crítica. Sem crítica não melhoramos. É essencial que eliminemos emoções sabotadoras e as lembranças negativas que destroem a nossa própria motivação, e que acreditemos no nosso potencial de transformação.

Com crítica e motivação, desenvolvemos a nossa própria auto-crítica para melhor podermos investir no nosso autoconhecimento, no desenvolvimento das nossas capacidades e habilidades, assim como na descoberta dos nossos dons, talentos e sonhos. Isso aplica-se nas Artes. Agora, costumo dizer que todos querem ser pintores, porque é o expoente mais visível e mais glamoroso nas Artes. Porque é que relativamente poucos querem aprender a pendurar obras (produção), ou aprender a pensar e escrever de forma crítica sobre Arte (curadoria)?

Continua “Parte 2ª” em umas semanas!

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