É um facto que a pandemia acelerou a necessidade de transformação digital em praticamente todos os sectores. Contudo, a forma como essa transformação digital deve ser materializada é a questão do momento.
Em termos simples, o aumento explosivo da inovação e adopção de soluções digitais não deve ser permitido à custa de atropelos éticos.
As partes interessadas, tanto internas como externas, são cada vez mais intolerantes às empresas que ignoram as linhas éticas. Estas realidades somam-se à necessidade de os líderes abraçarem uma curva de aprendizagem totalmente nova:
Como se envolver na transformação digital que inclui a ética na sua concepção?
Porque não existe um maior cuidado com as questões éticas?
Um exemplo: quantos líderes não dizem que querem criar uma cultura de pensamento disruptivo e depois acabam a ignorar as sugestões dos colaboradores, acrescentando que a eles “lhes falta uma mentalidade de crescimento e adaptação à mudança”?
É crucial que:
- Tornemos a ética um valor central da organização;
- Abracemos a transparência;
- Que envolvamos os nossos colaboradores na raíz do processo de transformação;
- Desenvolvamos proactivamente estratégias para enfrentar os desafios e as violações éticas.
Estas soluções simples são um grande ponto de partida para resolver questões éticas relativas à transformação digital e para além dela. Fazem com que os líderes olhem para o coração da organização e tomem decisões que terão impacto durante os próximos anos.
Afirmarmos que estamos centrados nas pessoas para depois não cumprir na prática com esse pressuposto e nos focarmos quase exclusivamente na questão económico-financeira de curto prazo é não apenas uma contradição como uma violação do que devem ser os mais elementares princípios de um Líder que se diz “humanizado”.
Autor: Carlos Pin Vaz (Senior Partner & Founder da Africa Talents)